Adoro acordar antes de todo mundo da casa…
Desço a escada tentando não fazer barulho, passo meu café, faço carinho no Gato, lhe dou comida, troco a(s) agua(s), faço uma torrada, passo a geleia bem devagar e escuto o som do silêncio e da calmaria, com os sentidos aguçados da atenção plena.
Quando acordo e ainda está “noite” sinto como se o tempo tivesse parado e eu tivesse ganho o privilégio de ficar presa ali naquele espaço temporal de paz solitária.
Lá fora pássaros cantam anunciando o novo dia que nasce e eu aqui na minha bolha particular respondo aos seus “bom dias” mentalmente, me perguntando por que não faço isso mais vezes, por que o medo da solidão, quando a solitude é tão gostosa?
Daqui não escuto o barulho dos carros na estrada, ou eles simplesmente não chegam aos meus ouvidos. Então, me alongo, pego um livro, mas o que mais gosto mesmo é da contemplação desses momentos (seria isso meu ioga, Emmanuel Carrère?).
“Fale sobre essa diferença de solidão e solitude”, minha analista diria. Penso: A solidão afunda no peito, a solitude me deixa leve como uma pena.
“O peso”, eu responderia.
por: Letícia O.
essas primeiras horas da manhã <3